A luta liderada por Ganga Zumba e Zumbi, em Palmares – Alagoas, tem que ser sempre lembrada e preservada. Em Palmares os negros estabeleceram uma sociedade multirracial, num generoso exemplo de igualdade e fraternidade para nosso povo.
Capturado pelas tropas do governo e degolado em 20 de novembro de 1.695, aos 40 anos de idade, Zumbi permanece vivo, no legado por uma sociedade justa e fraterna, expressa hoje nas lutas contra a exploração do homem pelo homem e contra a discriminação racial.
Passado todo esse tempo, as chagas abomináveis permanecem, é preciso combater a descriminação e o preconceito resultantes dos mais 350 anos de escravidão, estas a lei de 13 de maio de 1.888 não aboliu.
No mundo do trabalho, por exemplo, a média salarial do povo negro é menos que 58,0%, em relação aos salários dos brancos (segundo estudos da OIT, e dados do IBGE/BR). Já a media de formalização de empregos, que para brancos o número chega a 61%, para o povo negro é de apenas 46,8%, segundo os mesmos órgãos, se mantem estável na última década.
Por trás desses números esta a discriminação sofrida por negros e negras, agravada pela discriminação também de gênero na sociedade brasileira, em todas as áreas. O que faz um negro ou uma negra ganhar menos salário que os brancos é a descriminação; como também nas chamadas carreiras de estado e dos altos escalões, terem um número ínfimo de negros e negras; na educação, o que faz um negro ou uma negra ter menos escolaridade que um branco e, ainda, nos cursos universitários de medicina, arquitetura, engenharia (os chamados cursos elitistas) terem, entre seus estudantes e, consequentemente, entre seus profissionais, uma esmagadora presença de brancos, e uma minoria negra, é a discriminação racial. Dai os impactos ao acesso às políticas publicas de trabalho, emprego, renda, saúde, educação, moradia, entre outras, onde o povo negro também é discriminado.
Reafirmar a luta de Zumbi e Ganga Zumba, a resistência de Palmares, os heróis dos levantes do povo negro que seguem em curso por toda a nossa historia e que devemos passar às gerações, ao mesmo tempo que denunciamos a existência da discriminação racial no Brasil, expressa na dor de quem já a sofreu, é também não aceitar as explicações fáceis sobre a realidade da população negra no Brasil, em todos setores da vida nacional.
A abominável discriminação racial está para a sociedade brasileira atual, como esteve a escravidão no passado.
Temos que indignar-se contra as injustiças, sentimento mais lindo de ser Socialista.
Valeu Zumbi.
*Professor Joilson Cardoso é membro da Executiva Nacional do PSB e Conselheiro da Fundação João Mangabeira